quinta-feira, 23 de junho de 2011

Poema nº 13 - A Canção da Saudade – Olegário Mariano

 Ante a moldura de um retrato antigo,
põe-se a gente a evocar coisas emocionais.

Tolda-se o olhar, o lábio treme, a alma se aperta,
tudo deserto... a vide em torno tão deserta
que vontade nos vem de sofrer mais!

Depois, há sempre um cofre e desse cofre
tiramos velhas cartas, devagar...
É a volúpia inervante de quem sofre:

ler velhas cartas e depois chorar.

Que tarde imensa e fria!
Nunca mais te verei...
Nunca mais me verás...
Lá fora o vento rodopia...

Que desejo me vem de sofrer mais!

Olegário Mariano, 1932

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